Transformar as relações de poder é essencial, diz chefe da ONU no dia das
mulheres
Publicado em 06/03/2020, Matéria da ONU News, de Nova Iorque
Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou um chamado forte e urgente por ação em prol da igualdade de gênero. Para ele, a desigualdade representa uma injustiça esmagadora de nosso tempo.
Guterres defendeu a igualdade de gênero como uma questão de poder, afirmando ser preciso transformar e redistribuir o poder, de forma urgente, caso o mundo queira salvaguardar seu próprio futuro no planeta. A misoginia está em todas as partes, acrescentou, em mensagem em vídeo (assista aqui).
Celebração antecipada nesta sexta-feira (6), na Assembleia Geral, lembrou a criação da Plataforma de Ação de Pequim, há 25 anos. Em 2020, o tema é Eu sou a Geração Igualdade: concretizar os direitos das mulheres.
Em 2020, o tema é Eu sou a Geração Igualdade: concretizar os direitos das mulheres.
Em mensagem em vídeo (acima), o secretário-geral da organização, António Guterres, faz um chamado urgente para ação que leve à igualdade de gênero.
Para alcançar essa meta, o chefe da ONU diz que é essencial transformar as relações de poder quando a misoginia o ódio às mulheres , está em todas as partes.
Tabus
Essas manifestações são presentes, segundo o chefe da ONU, desde o ridicularizar das mulheres como histéricas ou hormonais, até o julgamento
sobre sua aparência, passando por mitos e tabus sobre as funções corporais delas, a atribuição da culpa e as chamadas aulas de explicação
(mansplaining) que os homens gostam de oferecer às mulheres sobre os mais variados tópicos.
No pronunciamento, o secretário-geral sublinha que o século 21 deve ser o século da igualdade para as mulheres. O apelo a todos é que façam sua parte para torná-lo uma realidade.
Roteiro
Foi a 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres, realizada em 1995 na capital chinesa, que adotou o roteiro que é considerado o mais progressista para dar poder a este grupo em nível global.
Um dos destaques da comemoração do Dia Internacional da Mulher nas Nações Unidas é o debate de questões ainda por resolver para o empoderamento feminino.
A professora Nina Ranieri, que coordena a Cátedra UNESCO de Direito à Educação da Universidade de São Paulo, relatou à ONU News, em Nova Iorque, como a desigualdade de gênero se reflete na carreira acadêmica.
Filhos
As meninas, quando terminam o doutorado, estão na hora de ter filhos. É o começo da década delas, dos 30 anos. Isso retarda, atrasa a carreira, até ter os filhos.Que foi o que me aconteceu. A minha carreira docente começa
aos 40 anos.
É uma carreira tardia quando comparada com a dos meus colegas que antes dos 60 anos já chegaram a professor titular. Muito antes, com 40,
50 anos. E as mulheres não. Acaba se prolongando em virtude desses atrasos
na carreira.
Um novo relatório lançado pelas Nações Unidas que lidera o tema, a ONU Mulheres
<https://nacoesunidas.org/dia-internacional-da-mulher-progresso-na-igualdade
-de-genero-continua-lento/> , destaca que o progresso rumo à igualdade de
gênero está atrasado e os difíceis ganhos enfrentam ameaças.
O estudo lançado para marcar a celebração aponta que menos de dois terços das mulheres entre 25 e 54 anos exercem trabalho remunerado, em comparação com mais de 93% dos homens.
As mulheres continuam realizando grande parte dos cuidados não remunerados e domésticos, recebendo em média 16% a menos que os homens.
Soluções
Quanto à violência, 18% das mulheres sofreram esse tipo de atos de um parceiro íntimo no ano passado. As novas tecnologias aumentam a exposição a novas formas de violência como o assédio cibernético, sem soluções políticas
à vista.
As desigualdades no setor de educação se refletem numa realidade de 32 milhões de meninas que continuam fora da escola. Na política, os homens ocupam três quartos dos assentos parlamentares.
O relatório destaca ainda a exclusão de figuras de sexo feminino dos processos de paz. As mulheres representam apenas 13% dos negociadores e 4%
dos assinantes desses acordos.
As celebrações deste ano marcam ainda o 20º aniversário da resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre mulheres, paz e segurança e a primeira década depois da criação da ONU Mulheres.
Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/transformar-as-relacoes-de-poder-e-essencial-di...
efe-da-onu-no-dia-das-mulheres/>
Cristianne Farmer Rocha, Moderadora-Auxikiar HIFA-PT