Estimados colegas:
Compartilho com todos, e caso não conheçam ainda o Portal dedicado à Erradicação da Poliomielite na África.
Espero que possa servir de fonte de informação para muitos colegas do nosso fórum.
Além de informações estadísticas, o portal traz uma cronologia completa e o legado do continente Africano no combate à doença.
Site: https://pt.africakicksoutwildpolio.com/.
Abaixo uma síntese rápida das sete formas que a África adotou para erradicar a poliomielite.
"Em 2020, a pandemia de COVID-19 vitimou, até ao momento, milhares de pessoas em toda a África. As equipas da poliomielite no continente - a extensa rede de profissionais de saúde, peritos laboratoriais, gestores de dados e voluntários comunitários dedicados à luta contra a poliomielite - foram das primeiras no terreno e tiraram partido da sua experiência para apoiar a resposta e ajudar a conter os surtos nacionais.
Esta não é a primeira vez que o programa da poliomielite se redireccionou rapidamente para dar resposta a uma ocorrência de saúde pública de grande dimensão ou emergente. Desde a década de 1990, o programa da poliomielite trouxe o maior influxo de conhecimentos especializados e financiamento no âmbito da saúde pública em todos os países africanos. As equipas e infra-estruturas da resposta à poliomielite não serviram apenas para a luta contra esta doença. Também serviram como alicerce para os sistemas de saúde pública e as respostas a surtos em África.
As formas mais significativas como a resposta à poliomielite mudou a saúde pública em todo o continente foram:
:: 1. Demonstrando a importância dos dados para a erradicação das doenças - O programa da poliomielite reconheceu o valor importantíssimo dos dados na erradicação das doenças e investiu fortemente em sistemas de recolha, gestão e uso de dados.
:: 2. Alcançando todas as crianças com a vacinação - As atividades de vacinação da poliomielite ampliaram a cobertura das campanhas de vacinação.
:: 3. Reforçando a vigilância das doenças e as redes laboratoriais - Os esforços de erradicação da poliomielite desenvolveram um sistema robusto e sensível de vigilância epidemiológica na Região Africana, com uma rede de laboratórios bem equipados e milhares de funcionários com formação específica - desde virologistas a agentes comunitários de saúde que detectam casos suspeitos de poliomielite no terreno.
:: 4. Desenvolvendo a força laboral da saúde em África - O programa da poliomielite ajudou a colmatar uma das maiores lacunas nos sistemas de saúde de África: a escassez de profissionais de saúde qualificados. O continente alberga 11% da população mundial e carrega 24% do fardo mundial de doenças. No entanto, tem apenas 3% dos profissionais de saúde do mundo.
:: 5. Alcançando comunidades através da mobilização social e da comunicação - O programa da poliomielite em África, como noutras regiões, teve dificuldades em ganhar a confiança das comunidades Em comunidades remotas, marginalizadas ou afectadas por conflitos, a falta de informação sobre a saúde está muitas vezes associada à desconfiança em relação às actividades do governo e das ONG. Em particular, o programa da poliomielite enfrentou situações de recusa de vacinação por causa de boatos e desinformação.
:: 6. Melhorando a capacidade de resposta aos surtos - A África sofre mais surtos de doenças do que qualquer outra Região da OMS. Em 2018, a OMS e os parceiros apoiaram respostas de emergência a mais de 160 ocorrências de saúde pública em mais de 40 dos 47 países da Região.
:: 7. Implementando quadros de prestação de contas - Os esforços contínuos para melhorar o desempenho do programa da poliomielite conferiu grande relevo às actividades de prestação de contas e monitorização para maximizar os resultados dos recursos disponíveis.
Um legado de erradicação.
O impacto do programa da poliomielite na saúde pública em África não tem paralelo; vai muito além da poliomielite, englobando todas das áreas dos cuidados de saúde e abrangendo todas as pessoas, desde recém-nascidos em aldeias remotas a líderes políticos. Como tal, o programa transformou as percepções do que o futuro reserva para a saúde em África.
"O programa da poliomielite restaurou a convicção de que a erradicação de doenças é possível," afirma o Dr. Francis Kasolo, Director do Gabinete da Directora Regional no Escritório Regional da OMS para a África. "É uma questão agora de identificar as doenças prioritárias que as comunidades acham que devemos eliminar - em que é que devemos investir?"
Com a erradicação do poliovírus selvagem na Região Africana declarada em Agosto de 2020, o programa da poliomielite começou a passar o seu pessoal e os seus activos aos países. Serão necessários novos compromissos e recursos para tirar partido deste legado e assegurar que as contribuições do programa da poliomielite para os sistemas de saúde de África não sejam perdidos, mas que, pelo contrário, sejam usados para reforçar a saúde pública para as gerações vindouras."
Saudações,
Eliane Santos, Moderadora do HIFA-PT